Toda empresa, independente do porte, busca reduzir desperdícios ao máximo na produção e ter um cliente satisfeito. Essa estratégia tem um nome, chama-se Lean. No mundo empresarial o termo significa enxuto e a metodologia tem como objetivo ampliar a eficácia, garantindo o crescimento da empresa e a satisfação do cliente final.
Essa metodologia de gestão teve origem na Toyota, na década de 80, com o objetivo de entregar mais, com qualidade, desperdiçando menos.
O Lean Governance é um conceito que faz uso das abordagens ágeis e também simplifica a estrutura de governança nas empresas.
Lean nas startups
Uma startup é uma empresa com modelo de negócio escalável, com ideias inovadoras que impactam a sociedade com um produto ou serviço, solucionando a dor de um cliente, resolvendo um problema.
Os desafios da atualidade
O crescimento das startups é bastante positivo, mas de acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral, 50% das startups morrem com um tempo menor ou igual a 4 anos no Brasil e menos de 75% conseguem passar dos 13 anos. Isso se dá devido à má administração das empresas que não possuem a estrutura necessária para sustentar o crescimento.
Como resolver os desafios e crescer de forma estruturada
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC (2019), a implantação da governança em Startups pode ocorrer aos poucos e sofisticar-se ao longo da jornada. Cada fase de crescimento representa um momento propício para a adoção ou o aprimoramento de determinadas práticas. No início, o negócio é pouco mais que uma ideia e, em alguns casos, ainda nem existe do ponto de vista formal. Depois, ele já está operacional, testando o mercado e o modelo de negócios. Então, se estrutura melhor e começa a conquistar mais clientes. Até que, em certo momento, já está bem estabelecido, torna-se uma scale-up, e o seu desafio é crescer aceleradamente − escalando suas atividades sem que os custos cresçam no mesmo ritmo. Para cada uma dessas fases, podem ser adotadas práticas de governança, de forma a orientar a atuação dos empreendedores. As recomendações podem variar conforme o desenvolvimento específico de cada startup, pois elas nem sempre passam pela mesma ordem de situações aqui elencadas.
O Lean Governance, quando aplicado da forma correta, garante que o foco esteja no cliente, entendendo sua real necessidade, e faz uso de abordagens ágeis para o crescimento sustentável.
O que são conselhos consultivos e porque instituí-los
Segundo pesquisa da empresa de recrutamento de executivos de alto escalão Flow, as organizações familiares, PMEs e Startups, ou seja, as “não listadas na Bolsa de Valores”, têm aumentado a consciência sobre os benefícios das boas práticas de governança corporativa e do modelo de criação de conselho para impulsioná-los nessa jornada na busca da perenidade e sustentabilidade.
De acordo com as diretrizes e princípios de governança corporativa ecoDa para empresas não listadas na Europa (março/2021): “Toda empresa deve se esforçar para estabelecer um conselho eficaz, que seja coletivamente responsável pelo sucesso de longo prazo da empresa, incluindo a definição do propósito e da estratégia corporativa. No entanto, uma etapa provisória no caminho para um conselho eficaz e independente pode ser a criação de um conselho consultivo.”
O Conselho Consultivo oferece para empresas “não listadas”, em especial as de estrutura administrativa mais enxuta, uma forma de incluir profissionais externos e qualificar as decisões com mais isenção, sem a responsabilidade exigida aos administradores em conselhos estatutários formais.
A priori, os conselheiros consultivos não votam nem agem legalmente como se um conselho de administração fosse, mas meramente oferecem um aconselhamento, que pode ser aceito ou rejeitado pelos administradores ou sócios da empresa.
Ao conselheiro consultivo estaria sua atuação próxima ao profissional de uma consultoria empresarial, que é um processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais na referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da situação.
Os conselhos consultivos, como mencionado, podem ser usados como uma experiência em trabalhar com profissionais externos, proporcionando aos sócios e executivos uma maior formalidade nas decisões. É, de um lado, um exercício à gestão, que terá a oportunidade de seus profissionais elaborarem adequadamente as demandas por decisão, tendo de desenvolver estudos mais aprofundados e muitas vezes apoiados por análises quantitativas e qualitativas, e, por outro, aos sócios ou sócios-conselheiros a oportunidade de compartilhar decisões entre profissionais de conhecimentos e experiências diversas e complementares.
O conselho consultivo exerce papel fundamental no apoio ao planejamento estratégico e pode ser o primeiro órgão para o aprimoramento dos princípios de prestação de contas e transparência nas MPEs e startups.
Lean Governance nas empresas tradicionais
Todo processo de mudança gera um desconforto, principalmente quando relacionados a modelos de gestão. Para aplicar a metodologia em empresas tradicionais é necessário ter em mente que as mudanças devem ocorrer de forma alinhada e progressiva.
De acordo com o Lean Institute Brasil, “toda iniciativa lean precisa estar embasada em propósitos claramente definidos e orientados à criação de valor para o cliente. A partir dessa necessidade, estabelece-se uma relação com as mudanças requeridas nos processos e na maneira como o trabalho está organizado. Novos processos tornam explícitas lacunas de conhecimento e habilidades, criando oportunidades direcionadas para se desenvolver o conhecimento e as habilidades das pessoas envolvidas com o trabalho.”
Lean Governance e o papel principal
No dia a dia, aplicando o Lean Governance, é possível simplificar e otimizar a estrutura de governança, dentro do conceito de agilidade e também de flexibilidade, tendo respostas mais rápidas e ao mesmo tempo assertivas.
Conclusão
O Lean Governance é uma abordagem de governança empresarial que busca criar organizações mais ágeis e focadas no cliente. Essa abordagem se encaixa muito no modelo das startups, pois as empresas têm essa agilidade em sua essência, desburocratizando processos, mas também pode ser implementado em qualquer empresa.
A Governança Coorporativa é importante nesse processo, pois ajuda a gestão a tomar atitudes céleres e inovadoras ao mesmo tempo assertivas e conscientes de todo o processo.
Desta forma, as empresas podem se adaptar às mudanças em um mundo corporativo cada vez mais acelerado e exigente, com a segurança de estar solucionando os impedimentos com conhecimento e melhores práticas.